De Muniz Freire ao empreendedorismo em tecnologia: a trajetória de Rômulo Louzada Rabello na Ciência da Computação

Publicado em 17/09/2025.
Texto: Marianne Alves

A história de Rômulo Louzada Rabello na Ciência da Computação começou com uma curiosidade simples e um nome que soava imponente: “Cientista da Computação”. Sem nenhuma experiência na área até então, ele foi aprovado no vestibular de meio de ano da UFES em 2013, escolhendo o campus de Alegre pela proximidade com sua cidade natal, Muniz Freire, e por ser sua primeira aprovação em uma universidade federal.

O que parecia apenas uma escolha geográfica e prática se transformou em uma das decisões mais impactantes de sua vida.

Do susto inicial ao despertar para a programação

O ponto de virada da graduação veio logo no primeiro período. Rômulo ficou de final em Programação I — uma situação que, ao invés de desanimá-lo, despertou algo dentro dele. “Foi aí que comecei a entender onde eu realmente estava”, relembra. Com a ajuda do colega Diego Lucindo, mergulhou nos estudos, fazendo todos os exercícios disponíveis — e mais alguns inventados por Diego. “Em algum momento, algo clicou. Passei a entender a lógica da programação, e dali em diante tudo fluiu muito melhor.”

A partir daí, Rômulo viveu experiências que marcaram sua trajetória: participou de congressos da SBC (Sociedade Brasileira de Computação) e da SBPO (Sociedade Brasileira de Pesquisa Operacional), publicou artigos em parceria com o professor Dr. Geraldo e viveu, junto com seus colegas e professores, o desafio e o privilégio de ser da primeira turma do curso no campus. “Desbravamos muito mato”, brinca, referindo-se ao processo de construção conjunta de uma nova graduação.

Monitoria, pesquisa e o início de uma jornada profissional

Durante a graduação, Rômulo participou de diversas atividades extracurriculares que moldaram seu perfil profissional:

  • Foi monitor voluntário em Programação I;
     

  • Atuou como bolsista no NTI (Núcleo de Tecnologia da Informação);
     

  • Participou de projetos de iniciação científica (primeiro como voluntário, depois como bolsista);
     

  • E realizou um estágio na Petrobras.
     

“Cada uma dessas experiências teve um papel importante na minha formação. Olhando para trás, sinto que poderia ter aproveitado ainda mais o que a universidade oferecia. O tempo passa muito rápido.”

Desafios de base e adaptação ao nível de exigência

Vindo da rede pública de ensino, Rômulo enfrentou dificuldades com a base matemática exigida pelo curso. “Demorei a me adaptar às exigências dos professores. A régua era bem alta”, admite. Mas, mesmo com os desafios, nunca pensou em desistir. “Sempre estive cercado de boas pessoas — familiares, amigos, professores — e isso fez toda a diferença.”

De aluno da UFES a fundador da OPTSOLV

Após se formar, Rômulo seguiu para o mestrado, foi professor substituto na própria UFES e, em seguida, entrou no mercado de trabalho. Hoje, seu principal projeto se chama OPTSOLV, empresa que fundou e comanda.

A trajetória profissional reflete uma combinação das experiências que acumulou: empreendedorismo à frente da empresa, pesquisa nos projetos que desenvolve dentro da área de Pesquisa Operacional e a bagagem do ensino, que carrega desde a época em que esteve à frente de salas de aula.

Tecnologia com impacto humano

O impacto da OPTSOLV vai além do código. A empresa realiza ações sociais, como doações de cestas básicas, mas o que mais orgulha Rômulo é o foco da organização em “valorizar as pessoas que trabalham com a gente”.

Após passar por experiências negativas no mercado e ver de perto “o que não fazer” em ambientes corporativos, Rômulo se comprometeu a construir algo diferente. “O que mais me motiva hoje é saber que o meu futuro depende do que estou fazendo agora. Estou tentando prepará-lo da melhor forma possível.”

UFES como base sólida — e que precisa evoluir

Rômulo reconhece que sua formação na UFES foi a base sólida que sustenta tudo o que construiu até hoje. “Foi como construir em cima de uma rocha. Não tive dificuldades em aprender novas linguagens ou tecnologias. A base foi muito bem feita.”

Ao mesmo tempo, ele também destaca a necessidade de modernização constante na formação, dada a velocidade das mudanças no setor tecnológico. “A base precisa se atualizar com as ferramentas e realidades atuais.”

Representatividade, sotaque e um olhar mais humano na tecnologia

Apesar de nunca ter sofrido preconceito sério, Rômulo lembra de situações em que seu sotaque foi motivo de comentários. “Já falaram que tenho sotaque ‘da roça’, mas nunca liguei pra isso.”

Na área de exatas, o que ele mais gostaria de ver é uma abordagem mais empática. “Trabalhar com pessoas de exatas o tempo todo é desgastante às vezes. Tudo vira 0 ou 1. Falta nuance, falta um olhar mais humano.”

Conselho aos calouros — e um futuro com OPTSOLV

Hoje, Rômulo mantém laços fortes com a UFES — tanto com colegas quanto com professores. “A maioria dos meus amigos são da época da universidade. Mantenho contato com muitos professores também.”

E o conselho para os estudantes que estão no campus de Alegre agora é direto e bem-humorado:
“Aproveitem o tempo de aprender. Depois que se forma e o primeiro boleto chega, ele nunca mais para.”

Para o futuro, Rômulo tem um sonho claro: ver a OPTSOLV crescer e alcançar um caminho promissor.

Para conhecer mais sobre seu trabalho:
🌐 optsolv.com.br

 

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